quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Fragrância da Dor

Uma das coisas que grande parte de nós, seres humanos, queremos é ser bem vistos, seja pela sua roupa, pelo seu cabelo ou pelo cheiro que exalamos.
O que mais buscamos na hora de comprar um perfume é a fragrância que combine com nosso eu e que chamará atenção das narinas de homens e mulheres que por nós passarem.
Mas de onde vem essas maravilhas que penetram no ar fazendo com que muitas pessoas voltem seus olhares para trás buscando a origem daquele “ímã”?
Neste texto vou falar um pouco mais de uma fragrância que tem um odor penetrante, o Almíscar. Uma das formas de se obter a matéria prima dessa substância é a partir do aprisionamento do cervo-almiscarado (Moschus moschiferus), espécie ameaçada de extinção. Esses animais podem ficar presos em jaulas minúsculas, sem poderem se movimentar durante até 15 anos, onde são submetidos à extração da substancia odorífera produzida em uma glândula abdominal próximas à cauda. No mínimo mais três espécies de cervos da família Moschideae são caçados para a extração das glândulas. Essas espécies ocorrem em países asiáticos e africanos, sendo a extração do almíscar realizada principalmente na China e Japão. O ano de 1900 representou o auge no comércio do óleo de almíscar, quando cerca de 1400 kg do óleo foram coletados, causando a morte de cerca de 50000 animais. Atualmente, o comércio mundial do óleo de almíscar natural é limitado a 300 kg por ano, o que ainda representa a morte para milhares de animais.
O almíscar branco ou sintético é denominado, quimicamente, como simtrinitro-butil-tolueno, produto que passou a ser utilizado por muitas empresas. Estudos têm demonstrado que resíduos da matéria prima, usada para obtenção destas substâncias sintéticas, assim como sua degradação no ambiente, torna-os poluentes da água e plantas; chegando ao homem através da cadeia alimentar, principalmente no consumo de peixes e outros animais aquáticos. Comprovações recentes indicam que existe acúmulo de almíscar (ingerido ou absorvido pela pele) nas células adiposas do corpo, assim como sua presença no leite materno. Porém, ainda pouco se sabe sobre a nocividade dessas substâncias ao homem.
No reino vegetal a substância é extraída de plantas como o almíscar comum (Mimulus inoschalus) e grana moscada (Hibiscus abelmoschus). A forma vegetal ainda é pouco utilizada na produção de perfumes e colônias.
Infelizmente ainda não temos como saber pela composição dos perfumes se a substancia utilizada é de origem animal ou vegetal, uma vez que ambas são denominadas como Musk ou Almíscar. Já a forma sintética é denominada por Musk Baur ou tonquinol, Ketone, Xylene, Ambrette, Moskene, Tonalide (musk plus AHTN) Phantolide, Celestolide(Crysolide) e Traesolide.
Não compre produtos com almíscar até que possamos saber ao certo qual a tipo de substancia estaremos utilizando.
Faça com que os perfumes realcem sua vida e não colaborem com mais uma morte.

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